O primeiro grupo de Vila Flor, chamado Cantar por Vila Flor, cantaram “Vila o presépio” e “Para Belém”. Vozes afinadas, trajes a condizer, transportavam com eles anos de tradições. Recordei a cântaro, o lampião a taleiga e ainda fiquei a conhecer o galheiro (galho de árvore onde se pendurava o fumeiro que iam recebendo quando cantavam os reis pelas casas).
Das gargantas afinadas saíram quadras como estas:
Nós somos pastores da serra
Nós cantamos com amor
Queremos dar Boas Festas
Ao Povo de Vila Flor.
Os Reis do Oriente
Já Chegaram a Belém
Foram lá cantar os Reis
E nós cantamo-los também.
Estes Reis que aqui cantamos
Não são pagos com dinheiro
São pagos com vinho fino
E chouriços do fumeiro.
O segundo grupo representava a Associação Cultural e Desportiva de Benlhevai. Um grupo integrado apenas por jovens que não apresentavam os trajes e adereços que o regulamento pedia. O porta voz pediu desculpa explicando que foi feiro o convite a todas as gerações mas só os jovens responderam afirmativamente. Que bom que os jovens responderam sim! Cantaram à educação, à igreja, ao sr. Presidente e de vez em quando fizeram ouvir o bonito som da flauta. Admiro a sua coragem e o facto de se conseguirem juntar um grupo de 14 jovens, num Domingo à tarde, para Cantar os Reis.
Seguiu-se-lhes o grupo representando Seixo de Manhoses. Não faltaram os adereços, os trajes e um bom suporte musical. Cantaram muito bem com uma jovem que cantava a solo, respondendo todo o grupo. Entoaram “Os três Reis como eram santos”,
Os três Reis como eram santos
Uma estrela os guiou
Ao chegarem à cabana
A estrela se baixou.
“Nasceu a alegria” e “Marujinho”.
Sou marujinho
Que andava no mar
E as Boas Festas
Viemos dar.
Sou marujinho
Que andava à aprender
E os santos Reis
Viemos trazer.
Gostei particularmente do “Marijunho”. O público também reagiu bem batendo palmas e (quem sabia a letra) cantando. Também gostei (embora fora do contexto) do show de vila baixo.
O grupo representando Vale Frechoso, entrou em palco. O suporte musical manteve-se.
Viva o nosso Vale Frechoso
Rodeado de olival
Vimos cantar os Reis
A toda a gente em geral.
Cantaram “Nossa senhora e o Menino” e “Cantar os Reis ao Menino”.
Lá vem nossa Senhora
Lá vem ela, lá vem ela
Vem trazer-nos o menino
Orai por ela, orai por ela.
Os três Reis do Oriente
Tiveram o sonho profundo
Sonharam que tinha nascido
O salvador deste mundo.
O quinto grupo representava Valtorno. Traje a rigor, adereços e uma alegria não vista nos restantes grupos. Cantaram, dançaram, fizeram rir e encantaram(e). Faziam-se acompanhar de um instrumento rudimentar feito com uma tábua, duas latas, três arames com caricas enfiadas. O “instrumento” era tocado como um violoncelo ao mesmo tempo que era batido no chão! Disseram tratar-se de um reco-reco, mas fiquei curioso.
Cantaram “Amo Deus no céu” e “De Belém vimos”. Foi difícil fotografá-los, não paravam quietos.
O sexto grupo representava a Escola de Música Zecthoven. Muita juventude, colorida mas com alguns dos adereços necessários. O suporte musical estava gravado e o professor Cordeiro esforçou-se por colocar todo o grupo a cantar.
Fez-se uma pausa para entrega dos prémios dos concursos de presépios e de montras, mas destes, poderei falar noutra oportunidade.
Para encerrar a festa, apresentou-se a Associação Cultural e Recreativa de Vila Flor. Curiosamente vi neste grupo elementos que integravam quase todos os grupos que desfilaram. Cantaram e encantaram não fosse o som demasiado alto da guitarra.
Pastores da serra
Vinde ouvir cantar
Já nasceu Jesus
P’ro mundo salvar.
Cantaram também, com música de fado, as seguintes quadras feitas expressamente para o evento pelo senhor Crisóstomo, que gentilmente mas transmitiu (muito obrigado):
Estes Reis que aqui cantamos
Que o nosso grupo oferece
A todos vos dedicamos
Pela vossa presença merece.
Não vos vamos pedir nada
Nossa voz foi oferecida
Que a canção por nós cantada
A recordareis toda a vida.
A beleza transmitida
De pequenos corações
São os frutos que dão vida
A futuras gerações.
Vamos cantar-vos os Reis
Tradição que não nos esquece
São raízes do passado
Que o tempo não apodrece.
A cantar os Reis do povo
Estaremos a partilhar
Para o ano aqui de novo
Ver Vila Flor a cantar.
2 comentários:
Desde já peço desculpa pela falta de cortesia em não termos cedido as musicas por nós cantadas,mas tivera sido algo anteriormente combinado. Agradeço em nome de toda a Associção Cultural e Desportiva de Benlhevai a sua simpatia na avaliação do nosso desempenho, aproveito para o felicitar pelo blog que é fascinantemente interessante. Felicidades
Obrigado amigo Anibal pela reportagem sobre o cantar dos reis.Falhei pela 1ª vez por afazeres inadiáveis.Deste modo fiquei a saber como correu.estava curioso.Apesar quase ter morrido a tradição do cantar dos reis de porta em porta, felizmente jovens e menos jovens,resistem e estiveram ao seu melhor nesse palco de Vila Flor
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