
A quantidade de rochas soltas é grande. Amontoam-se, formam paredes, socalcos mas não consegui ver nenhuma intenção no seu arranjo. Subi a um pequeno cabeço rochoso, à direita do caminho. Via uma grande área em redor. Optei por descer a encosta, nessa direcção havia maior quantidade de rochas, devia haver por ali vestígios de habitações. O desânimo já começava a tomar conta de mim quando encontrei alguns pedaços de cerâmica. Começo a ter já alguma prática, eram uma espécie de tégulas. Foi o primeiro sinal. Procurei mais afincadamente. A certa altura encontrei muros com cerca de um metro de altura, encostados a um rochedo. Era um bom indício, podiam ser mesmo vestígios de alguma casa medieval. Procurei em volta mas não encontrei mais indícios. Perto encontrei as ruínas de uma grande construção. Nela existem alguns blocos de granito aparelhados, não deve ser uma construção antiga, mas sim alguma corte para animais.

Olhei para o alto. Daquele lugar é onde o santuário parece mais inacessível, suspenso no topo dos rochedos, mais perecendo um daqueles castelos medievais que vemos nos filmes. Segui em direcção aos rochedos, queria escalá-los até à capela. Nos buracos do rochedo há muito lixo. Tudo o que era combustível ardeu, mas ainda há muito vidro, ferros, restos de azulejos, telhas, tijolos, etc. Está bom de ver, quando procederam a obras no topo do santuário, o entulho era atirado para os rochedos, espalhando-se por uma grande extensão. Não foi difícil chegar às traseiras da Casa dos Milagres. Já aqui tinha estado. Busquei vestígios do muralha de protecção do cabeço, que dizem existir nesta zona. Esta referenciada a existência de duas fiadas de pedras de xisto que são os únicos vestígios de uma muralha que protegia a acrópole. Há sim vestígios de paredes mas não sei precisar se são os tais vestígios ou se são de alguma antiga estrutura do santuário.

Encontrei o guarda do santuário e sentá-mo-nos um pouco ao sol do fim da tarde. Ele lamentando-se do silêncio, da lentidão das horas, da falta de visitantes; eu, elogiando a paisagem, valorizando o silêncio, perguntando sobre as obras de recuperação da capela, após o incêndio.
Acabámos por falar do castro. O pai do zelador tinha uma terra exactamente onde se situa o castro. Recordava-se de, em jovem, encontrarem potes de barro, que partiam por não lhe encontrarem valor nenhum. Foi nessa zona que encontraram o Berrão em granito, peça importante que pode ser admirada no Museu de Vila Flor. Falou-me de que toda aquela zona era cultivada. Algumas áreas com animais, outras, com a força dos braços, à enxada. Vinham pessoas do Seixo, ganhar a jeira para a Quinta da Veiguinha, cavando.

Com o tempo, muitos agricultores foram doando as terras ao santuário, outras foram compradas pelo mesmo, permitindo o alargamento, quer do Santuário propriamente dito, quer dos extensos parques de estacionamento. Foi este crescimento desenfreado que destruiu quase por completo todos os vestígios do povoado fortificado da Idade do Ferro que terá existido no local, bem como os vestígios de romanização que o mesmo sofreu.
Com o sol a ofuscar a vista em direcção a Vilas Boas, chegou a hora de descer do cabeço até à bicicleta, que ficou lá baixo, no parque de estacionamento.

O entusiasmo voltou, mas já era noite. Encontrei algumas rochas interessantes (uma mó?). Não podia ficar mais tempo, estava a escurecer. Pedalei até casa convencido de que é necessário voltar, talvez nem tudo tenha sido destruído.
Quilómetros do percurso, em BTT: 14
Total de quilómetros em bicicleta: 1611
1 comentário:
Saudações alentejanas !!!
Muito bom !
Tal como eu acho que descubriu uma boa forma de dar a conhecer a sua zona .
Boas paisagens, fiquei com vontade de conhecer . . . . .
Haja saúde !!!
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