06 novembro 2007

Museu - Aparelhos de arrancar dentes

"Mestre-barbas foi a uma gaveta, tirou de lá uma espécie de saca-rolhas, destes de braços de pau, com um arganel na ponta, lavou-o com uma amostra de água do jarro e meteu-o na boca do homenzinho, tentando presa no dente cariado. Os assistentes formaram roda, a gozar do espectáculo, com mímicas de quem tem dó. O homem, de cabeça bem levantada, encostava-se para trás nos braços retesados. Na frente dele, o barbeiro, escanchado e curvo, tinha ares de magarefe a esquartejar uma rês. A semelhança foi mais evidente daí a nada, porque o homem berrava como um vitelo. E com meia dúzia de sacalões na cabeça dorida, o dente era escarolado entre postas de sangue e caía do saca-rolhas na bacia de loiça - tlac - enquanto o barbeiro se erguia e perfilava, limpando o suor vitorioso:
- Estava custoso, estava custoso!"
Depois de ter lido esta preciosa narração do livro Paisagens do Norte, de Cabral Adão, foi com mais entusiasmo que voltei ao Museu Municipal de Vila Flor. A descrição, se não é verdadeira, está muito próxima da realidade. Um destes aparelhos, pertenceu a João Alves (conhecido como João Requeiro), filho de Manuel "Requeiro", também barbeiro (e dentista) como o filho. É o pai que é retratado na descrição.
João Alves nasceu em 1882 e morreu a 17-03-1955 .
O aparelho foi oferecido ao museu em 28-05-1977, por Laura Fernandes Calijão de Sá Morais, sobrinha de João Alves.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá
Ai, valha-me Deus... Que dores!!!
... Mas era mesmo assim... Ainda bem que já o não é...
Que não se atemorizem aqueles que precisam de ir ao estomatologista... parece que deveríamos ir mais vezes do que vamos...
Com votos de um lindo sorriso, abraço os que ainda acreditam que SORRIR É BOM!!!!
Esmeralda