09 fevereiro 2009
O nosso pão
Tem as feições da terra o nosso pão
E o gosto a lúcia-lima sob o encanto
Duma acácia florida a dizer tanto
Que o nada se transforma em expressão.
Liga feliz de alma, olhar e mão,
Amalgamada em cânticos e pranto.
O fermento do longe, o sal e o espanto
Da boca que esfriou a amar o Verão.
Quem espremeu o sol sobre a masseira
Ou a lua de Agosto? Quem deslinda
O rosto dessa esquiva feiticeira?
Cala-me, pão, o meu precário grito
- Violino a agonizar, tocando ainda
Sem me extinguires a fome de Infinito!
Soneto de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.
As fotografias foram tiradas no forno junto ao museu de Vila Flor.
Outros poemas de João de Sá: Flor-poema, Maravilhamento, Absoluto visível, Serra, A pergunta, Consagração.
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5 comentários:
Hábito que se está a perder, nos nossos dias.
Vila Flor ainda mantém a tradição, produzindo um pão muito saboroso!!!
Os versos são lindíssimos e mostram a grande sensibilidade do autor!!!
Obrigada, Aníbal, por, mais uma vez, nos mostrar coisas que estão em vias de extinção...
Cumprimentos
Anita
Quem bem que sabe um pão quentinho, acabado de sair do forno. Então se feito num forno a lenha ainda melhor.
Olá, boa noite!
Os versos são bonitos... e esse pão do forno em Vila Flor é excelente!!!
Nesta vila ainda temos a sorte de encontrar pão feito em fornos de lenha e com muito boa qualidade... onde a tradição e o sabor se mantêm...
Abraço,
AA
O verdadeiro e famoso e saboroso pão caseiro!
Américo
Belas fotos!... Até se sente o cheirinho ao olhar para este "casqueiro"... Há algures um Museu do Pão (excelente e muito badalado); aqui temos um Museu com Pão (à porta)... quiçá uma extensão do mesmo. Quando por aí passar, vou procurá-lo e trazer uma "sêmea". - Profundo e bem construído o soneto de João de Sá! (tb tenho que procurar essas "Flores").
Felicitações à Padeira, ao Poeta e ao Fotógrafo, que no conjunto produziram uma Obra e arte.
N
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