21 maio 2010

Pelo Sinal da Terra (21)

Eu te bendigo, manhã de chuva,
pelos matizes e odores
que emprestas à paisagem.

Trazes-me estranhas sensações
de desenraizamento.
Contemplo longínquas regiões:
lentas tardes de domingo
em aldeias perfumadas de feno
e fumo de eucalipto e pinheiro,
onde nunca estive.

Dá-me uma gaiola
onde caiba o espectro solar
deste arco-da-aliança:
dessacralização do céu,
enobrecimento da terra.

João de Sá, in Pelo Sinal da Terra; edição de autor, 2010.
Fotografia: Espaço envolvente à barragem Camilo Mendonça, em Vila Flor.

1 comentário:

Transmontana disse...

Mais um belo poema ilustrado por uma linda foto!
Parabéns e obrigada por nos dar a conhecer a obra desse poeta que tão bem escreve!!!
Tenha um bom dia!
Anita