19 outubro 2012

João de Sá - Um ano de Saudade


Arpa eólia

Se queres ouvir o tempo anda comigo,
A sua voz de hera feita idade,
Até à Fonte, está seco o pascigo
Que o vento arqueia e parte por metade.

Queiramos, sob a cúpula romana,
Da Úmbria antiga projecção sem génio,
Saber que a água é de nós que emana,
Desta vagabundagem sem remédio...

Depois, já sob o Arco desse Rei
Troveiro de canções de riso e pranto;
Apuremos o ouvido, a velha grei
É harpa eólia a repartir o canto...

E nada se resuma ao que entardece.
Cada olhar tenha o longe que merece!

Poema do Dr. João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.

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