13 julho 2007

TerraFlor, o primeiro dia (12)


No dia de abertura do certame TerraFlor, as atenções voltaram-se para o produto chave, cabeça de cartaz desta V edição da feira de produtos e sabores, o azeite.
Ao seminário, que teve início às 14 horas, assistiram cerca de meia centena de pessoas, atentas e interessadas na problemática da oliveira e do azeite.
A diversidade que integrava os dois painéis de oradores, pretendia abarcar as várias vertentes relacionadas com a oliveira e com o azeite, identificando problemas e apontando possíveis alternativas de melhorar um sector, que todos reconhecem cheio de potencial, mas nem sempre explorado da melhor forma.
As preocupações ambientais estiveram também presentes, uma vez que o funcionamento dos lagares produz as conhecidas águas ruças, um problema para o ambiente em geral e também para os donos dos lagares que são forçados aos seu tratamento, mas não vislumbram muitas alternativas.
O Dr. José Cardoso Duarte do INETI (Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação), apontou com alguma esperança, um projecto com iniciado em Itália mas que está a ser estudado em vários países, a fitodepuração. Este processo, recorre à utilização de árvores (choupos e ciprestes) plantadas numa camada de terra, tendo num nível inferior outra camada onde são injectadas águas dos efluentes dos lagares de azeite. Estas árvores perenes, utilizam matéria orgânica, a partir dos efluentes, para produzirem biomassa. Trata-se de uma interacção planta-solo-microorganismos. A tecnologia é fácil de implementar, eficiente e de baixo impacto ambiental. Os estudos efectuados não revelam impactos negativos nos solos ou nas águas subterrâneas. Outra alternativa consiste no recurso à utilização de ETARes (Estações de Tratamento de Águas Residuais), para tratar águas ruças que são adicionadas gradualmente nas águas a serem tratadas.
Foi referido várias vezes que não basta gabarmo-nos de termos um dos melhores azeites do mundo, é necessários ultrapassar um certo tradicionalismos e lutar por patamares mais elevados de qualidade e rentabilidade. Há necessidade de credibilização do azeite da região e isso não se consegue continuando a armazená-lo em recipientes de tintas ou de combustíveis, como frisou o Eng. António Branco da AOTAD (Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro). Este realçou a importância da DOP (Denominação de Origem Protegida), referindo-se ao Azeite Trás-os-Montes, que cria também uma cultura de exigência que atravessa as várias fases da produção e comercialização do azeite. Há muito azeite com potencial para conseguir a certificação mas o azeite regional continua a ser o forte da produção.
Outra vertente ligada ao azeite, com potencial para crescer, é o turismo. Esta vertente foi apresentada pela pelo Dr. Jorge Morais, da Rota do Azeite. O azeite pode atrair pessoas à região, nunca separando o azeite de outros produtos com igual potencial como por exemplo o vinho. É necessários estabelecer rotas turísticas, vender pacotes diferenciados para atrair pessoas diferentes. A Rota do Azeite pretende congregar interesses de conjunto de entidades ligadas ao azeite e de autarquias.
O Dr. Camilo Morais, endocrinologista, enumerou os constituintes do azeite e os efeitos positivos de cada um deles na saúde. Com linguagem nem sempre acessível, deixou bem claro que os efeitos do azeite na saúde, são superiores às vantagens de cada um dos constituintes individualmente. Diminuição do problemas cardiovasculares; normalização do trânsito intestinal; efeito benéfico nos diabéticos, etc. Ainda dá aroma, sabor e cor aos alimentos.
O sr. Director Regional de Agricultura e Pescas – Norte, Arq. Carlos Guerra, lançou alguma luz sobre o futuro PDR (Programa de Dinamização Regional) e sobre a política que lhe está subjacentes. Não basta que surjam projectos, é necessário que os mesmos sejam competitivos e rentáveis, e terão que o provar, para serem financiados. Os projectos individuais terão melhores financiamentos se se encontrarem integrados em Fileira, fazendo parte de um conjunto, com vista ao desenvolvimento sustentado do sector. É necessário produzir melhor, com menos custos e fazer com que o produtor consiga ter mais lucro do que acontece na actualidade, em que fica apenas com cerca de 25% dos ganhos totais. Frisou também a necessidade de se continuar a apostar na formação profissional, no acompanhamento por agricultores mais velhos de jovens agricultores e na importância de se aumentar a área de regadio.
Foi levantada a questão do regadio no Vale da Vilariça. O Sr. Director Regional informou que o perímetro de rega não está terminado. As albufeiras da Burga e Salgueiro estão completamente funcionais e cheias. A albufeira de Santa Justa não está terminada e a da Ribeira Grande do Arco mal começou. A expectativa actual é que tudo esteja pronto em Junho de 2008.
Os 2 mil hectares de regadio, podem ser aumentados para o dobro, se se encontrarem formas rentáveis para a elevação da água. O recurso às energias alternativas está a ser equacionado.
Para terminar e em jeito de balanço, o Eng. António Monteiro sintetizou alguns tópicos: há capacidade para aumentar a área de regadio; há uma supremacia da variedade Cobrançosa (30%) que convém controlar, apostando noutras variedades, principalmente em regadio; os lagares existentes são mais do que suficientes, mas as colheitas não programas dificultam a sua laboração, que funciona com picos; temos bom azeite mas há necessidade de melhorar muito na higiene e no armazenamento; é necessário um painel de provadores, a situação actual não pode continuar; há necessidade de fomentar a DOP e valorizar a azeitona de conserva.
Todos os presentes reconheceram a importância do azeite na região e o enorme potencial que ainda falta explorar. É necessário produzir melhor, o que o mercado pede (e não o que é tradição) e vender mais, apostando na promoção. Só se pode vender a imagem de um produto saudável, conseguido de uma forma ecológica, se nós próprios acreditarmos nela.

Às 18 horas foi a cerimónia da abertura da feira pelo Dr. Pimentel.
À noite, o recinto foi animado por Palhaços e Malabaristas, que fizeram o encanto das crianças.
O recinto tinha uma boa moldura humana quando começou a actuação de Quim Barreiros, próximo das 22 horas. Com a sua forma tão característica para animar a malta, colocou um bom conjunto de pessoas a dançar, ficando os restastes a passear e ouvindo a música, numa noite bastante agradável.

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