No edifício que ladeia o pórtico há: uma loja para venda de lembranças, um bar, um auditório, uma sala de apoio a visitantes e sanitários. O que mais me agradou, foi um painel com uma fotografia antiga que retrata um conjunto de peregrinos no santuário, num dia de festa, há bastantes anos atrás (não sei o ano da fotografia). Passei largos minutos olhando cada pormenor. Se forem ao santuário, não percam a viagem ao passado que aquela fotografia permite.
O acesso ao Santuário, pouco antes do início da procissão, estava difícil. A fila de carros chegava à entrada de Vila Flor. Valeu-me o conhecimento de alguns caminhos para chegar mais rapidamente ao parque de estacionamento. Caíram algumas gotas de chuva que fizeram partir alguns peregrinos menos precavidos, mas, felizmente, não chegou a chover durante a tarde.
A procissão é demorada. Logo à saída da aldeia a estrada começa a subir. A subida é interminável (sei do que estou a falar) até chegar ao cruzamento que dá acesso ao santuário. Apercebi-me de que a Eucaristia não seria celebrada na capelinha e por isso não me desloquei para o mesmo local de onde via passar a procissão, ano após ano, na minha infância e juventude. Coloquei-me junto ao Escadório dos Apóstolos, perto do altar, tentando enquadrar os andores, com o santuário como fundo.
Quando o andor de Nossa Senhora da Assunção chegou, desloquei-me para o novo escadório ocupando uma posição contrária, mais alta.
Foi bem escolhido o local para a Eucaristia. Além das pessoas que se concentraram à frente do pórtico, muita gente ocupou os diversos socalcos (com obras ainda não terminadas), mantendo bastante respeito pelo acto que estava a decorrer. Na minha opinião, os restantes andores também poderiam ter ficado junto ao de Nossa Senhora da Assunção, terminando depois a procissão todos juntos. É uma questão de organização do espaço.
A cerimónia decorreu com muita calma e tranquilidade. A instalação sonora permitia acompanhar as cerimónias de quase todo o Santuário. Infelizmente o grupo coral não me pareceu à altura de uma cerimónia desta importância. Sei que é muita responsabilidade, talvez pudessem ter ensaiado um pouco mais.
Gostei de ouvir as referências ao Santuário como uma obra colectiva, dos peregrinos, para os peregrinos. Fez-me voltar atrás na história do santuário, quando o mesmo era gerido por uma comissão bastante alargada.
Acompanhei o andor de Nossa Senhora de da Assunção até à capelinha. O Sol começava a esconder-se. O ambiente, a luz, o sofrimento de dezenas de homens que o carregavam aos ombros, o olhar sereno de Nossa Senhora com os braços abertos, descontrolaram-me a respiração. Fiquei bastante emocionado.
Como a fotografia envolve empatia, emoção, acho que foi nesse momento que tirei as melhores fotografias.
Depois de um redadeiro esforço para subir o último lanço de escadas, a imagem de Nossa Senhora entrou na sua capelinha, no alto do cabeço. “Tudo está consumado”.
Do alto, olhei a paisagem em redor. Tudo respirava paz e tranquilidade. Muitos automóveis começavam a abandonar as imediações do Santuário.
À noite voltei para o fogo de artifício. Fiquei de longe, no parque de estacionamento. Foi pena terem desligado a iluminação da capela. Talvez seja para se ver melhor o colorido do fogo. Mas, num cenário, podem ser vários os elementos da cena. Penso que o conjunto seria muito mais bonito com a iluminação da capela ligada.
Quando perguntei aos meus dois filhos o que pensavam da festa, dei comigo a fazer a minha própria avaliação. Não consegui fugir à comparação com os meus tempos de juventude. Senti saudades do cabaz de merenda da minha mãe, do melão que o meu irmão comprava, da carrinha de caixa aberta do João Madeira que me transportava, do tractor de plástico, da corneta colorida, do poço da morte, dos carrinhos de choque, das cadeirinhas, do carrocel, da música do Teixeirinha, da água fresca das bilhas ou dos fontanários junto à gruta, das bandeiras de todas as cores, dos andores enormes e com crianças, dos anjinhos cansados, concentrados na sua função, do fogo de artifício infernal da meia noite e do silêncio em redor da capela com o ar fresco a bater-me na cara.
A festa não é a mesma, eu também não. Mantém-se igual o convívio com os amigos, a fé, a sensação de que, por um dia, estamos todos mais alto, mais próximos do céu.
Glória à Virgem do Cabeço,
A Senhora da Assunção!
Mãe querida, Mãe Divina!
Padroeira da Nação!
O acesso ao Santuário, pouco antes do início da procissão, estava difícil. A fila de carros chegava à entrada de Vila Flor. Valeu-me o conhecimento de alguns caminhos para chegar mais rapidamente ao parque de estacionamento. Caíram algumas gotas de chuva que fizeram partir alguns peregrinos menos precavidos, mas, felizmente, não chegou a chover durante a tarde.
A procissão é demorada. Logo à saída da aldeia a estrada começa a subir. A subida é interminável (sei do que estou a falar) até chegar ao cruzamento que dá acesso ao santuário. Apercebi-me de que a Eucaristia não seria celebrada na capelinha e por isso não me desloquei para o mesmo local de onde via passar a procissão, ano após ano, na minha infância e juventude. Coloquei-me junto ao Escadório dos Apóstolos, perto do altar, tentando enquadrar os andores, com o santuário como fundo.
Quando o andor de Nossa Senhora da Assunção chegou, desloquei-me para o novo escadório ocupando uma posição contrária, mais alta.
Foi bem escolhido o local para a Eucaristia. Além das pessoas que se concentraram à frente do pórtico, muita gente ocupou os diversos socalcos (com obras ainda não terminadas), mantendo bastante respeito pelo acto que estava a decorrer. Na minha opinião, os restantes andores também poderiam ter ficado junto ao de Nossa Senhora da Assunção, terminando depois a procissão todos juntos. É uma questão de organização do espaço.
A cerimónia decorreu com muita calma e tranquilidade. A instalação sonora permitia acompanhar as cerimónias de quase todo o Santuário. Infelizmente o grupo coral não me pareceu à altura de uma cerimónia desta importância. Sei que é muita responsabilidade, talvez pudessem ter ensaiado um pouco mais.
Gostei de ouvir as referências ao Santuário como uma obra colectiva, dos peregrinos, para os peregrinos. Fez-me voltar atrás na história do santuário, quando o mesmo era gerido por uma comissão bastante alargada.
Acompanhei o andor de Nossa Senhora de da Assunção até à capelinha. O Sol começava a esconder-se. O ambiente, a luz, o sofrimento de dezenas de homens que o carregavam aos ombros, o olhar sereno de Nossa Senhora com os braços abertos, descontrolaram-me a respiração. Fiquei bastante emocionado.
Como a fotografia envolve empatia, emoção, acho que foi nesse momento que tirei as melhores fotografias.
Depois de um redadeiro esforço para subir o último lanço de escadas, a imagem de Nossa Senhora entrou na sua capelinha, no alto do cabeço. “Tudo está consumado”.
Do alto, olhei a paisagem em redor. Tudo respirava paz e tranquilidade. Muitos automóveis começavam a abandonar as imediações do Santuário.
À noite voltei para o fogo de artifício. Fiquei de longe, no parque de estacionamento. Foi pena terem desligado a iluminação da capela. Talvez seja para se ver melhor o colorido do fogo. Mas, num cenário, podem ser vários os elementos da cena. Penso que o conjunto seria muito mais bonito com a iluminação da capela ligada.
Quando perguntei aos meus dois filhos o que pensavam da festa, dei comigo a fazer a minha própria avaliação. Não consegui fugir à comparação com os meus tempos de juventude. Senti saudades do cabaz de merenda da minha mãe, do melão que o meu irmão comprava, da carrinha de caixa aberta do João Madeira que me transportava, do tractor de plástico, da corneta colorida, do poço da morte, dos carrinhos de choque, das cadeirinhas, do carrocel, da música do Teixeirinha, da água fresca das bilhas ou dos fontanários junto à gruta, das bandeiras de todas as cores, dos andores enormes e com crianças, dos anjinhos cansados, concentrados na sua função, do fogo de artifício infernal da meia noite e do silêncio em redor da capela com o ar fresco a bater-me na cara.
A festa não é a mesma, eu também não. Mantém-se igual o convívio com os amigos, a fé, a sensação de que, por um dia, estamos todos mais alto, mais próximos do céu.
Glória à Virgem do Cabeço,
A Senhora da Assunção!
Mãe querida, Mãe Divina!
Padroeira da Nação!
8 comentários:
Mais uma vez obrigado Aníbal.Só mesmo o teu trabalho fantástico para me transportar a outros tempos.Como tu bem dizes, da cesta da merenda, que se estendia pela manta, á sombra dos eucaliptos e o melão que o meu pai ia comprar e nunca mais chegava.Com tantos amigos que ele tinha, demorava-se pelo caminho.Já a minha mãe então rematava, o vosso pai foi comprar o melão á Vilariça!Que tempos felizes!
Hojé é sómente a fé, que ali me leva todos os anos, e assim será até ao fim dos meus dias e enquanto puder.
Oxalá o "Cabeço", continue a ser um local de peregrinação e fé Mariano.Em qualquer sublime momento de fé e interiorização,é também o Cabeço um cantinho do Céu..
Até pró ano amigos.
Rui Guerra-16/8/2007
também tenho saudades da festa do cabeço.
Obrigado Rui.
Calculo que no decorrer da procissão desves ter tido tempo para imensas emoções.
Tenho uma fotografia tua que te enviarei depois.
Grande TóZé
Penso que última vez que estive na festa do Cabeço, estivemos juntos, já não me recordo do ano.
Este ano encontrei o teu pai e o teu tio.
A tua aldeia lá estava, a namorar o Tua, à tua espera.
Um abraço
ola.. parabéns pelo excelente blog... adorei imenso... eu tb estou a construir um semelhante ao seu.. gostaria d poder trocar umas ideias.. um abraço e ate breve
mail - electrolar.geral@sapo.pt
msn - mr.q-mig@hotmail.com
Os meus parabéns pelo excelente trabalho sobre a festa da Nossa Senhora da Assunção, com uma descrição muito original e pessoal e com fotografias únicas...então esta última deixou-me sem palavras, pois até o céu se encontrava em perfeita harmonia com o dourado do andor da Nossa Senhora...
Alexandrina Areias
Ola
OBRIGADA e PARABENS pelas fotos e pelo texto.
Muito haveria a dizer mas os meloes estavam zangados com a festa, ou, os donos deles ...
Uma frase linda para TODOS na procissao: " A familia e a base da civilizaçao e do amor ".
Abraço
Esmeralda
Estive aí no dia 14 de Agosto à noite, senti-me bem. Parecia que estava junto do céu.
Tenho muitas saudades de quando fui no andor da Sra. Da Assunção, mais a minha irmã gémea, e o meu pai tentava-me acalmar porque eu chorava com medo de cair, prometendo-me uma boneca no fim da procissão se me porta-se bem. A noite era como o meu irmão Rui conta, a minha mãe aborrecia-se porque o meu pai nunca mais chegava com o dito melão. E nós os 7 filhos esperava-mos junto à minha mãe, até que ele aparecia já tarde. Tempos que foram e não voltam mais.
Aprecio bastante o seu trabalho, acompanhando-o diariamente. Espero que continue a mostrar Vila Flor e os seus encantos para ir-mos matando saudades.
Antes de mais nada o meu sincero obrigado pelo trabalho realizado em torno da romaria de Nossa Senhora da Assunção.Quanto ao facto de os restantes andores não ficarem tambem no local da Eucaristia deve-se a questões humanas.Era muito dificil manter os transportadores de andores no local, pelo menos boa parte deles.Contudo, parece-me uma boa ideia e que certamente a organização da procissão no futuro poderá ter em conta.
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