15 janeiro 2009

Museu - Máquinas fotográficas 2

Já faz bastante tempo que escrevi o primeiro post sobre as máquinas fotografias antigas existentes no Museu Berta Cabral, em Vila Flor. Entretanto, já devo ter ido ao museu pelo menos uma dezena de vezes. É que o museu é um daqueles lugares onde somos surpreendidos a cada vez que lá vamos. Não admira que durante o ano de 2008 tenha sido visitado por cerca de 7 mil pessoas!
Juntamente com a máquina fotográfica que descrevi em Maio, há uma outra igualmente antiga e pouco documentada. Estou convencido que é de fabrico nacional, o que torna mais difícil a sua caracterização e datação. Trata-se de mais uma máquina de fole com uma caixa de madeira.
O fole começou a equipar as máquinas fotográficas a partir de 1851. Permitia a criação de aparelhos mais “leves”, que podiam ser "encastrados" para poderem ser transportados, ao que se deve a expressão “de viagem”. Apesar desta máquina fotográfica ser seguramente do início do século XX, pouco depois de 1900, era sem dúvida excelente. A prová-lo, estão algumas características: a objectiva anastigmat, já na altura de superior qualidade, fabricadas para suprimir a aberração esférica; tinha um obturador de cortina, feito em tecido opaco; tinha um bom leque de velocidades de disparo 1/15, 1/30, 1/45, 1/75 e 1/90 (tem ainda uma posição intermédia entre cada uma delas); o diafragma permitia as aberturas 7, 11, 16, 22, 31 e 44.
Na objectiva está gravado, com vários tipos de letra artísticos, “Limili Anastigmat – BERO, Fr. J. Photo Bazar – Porto”. Também na caixa de madeira existe cravada uma pequena placa metálica com a indicação “Photo-Bazar, Artigos para Photographia, Casa especial, PORTO”. Todas as indicações mostram que esta máquina, se não é produção nacional, é pelo menos completamente montada em Portugal.
É especialmente bonita! A cor de cerejeira da madeira combina com o tom pimentão do fole, terminando com o cuidado tido na gravação das letras e marcações do diafragma da objectiva. Além disso, está em muito bom estado, o que demonstra o cuidado com que sempre foi tratada.
Tem 17 cm de altura e 12 de largura. Com o fole distendido atinge 22 cm. Não apurei as dimensões máximas de placas que podia ser utilizadar.
Esta beleza pertenceu a Armando António Costa e foi oferecida ao museu pelo seu sobrinho, Abel José Fontes, em 1996.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não sendo um especialista de fotografia não quero deixar sem realce este facto formidável de , lá no recôndito de um museu,em Trás os Montes se acharem assim pequenos tesouros . Este e certamente muitos outros que vêm apenas à luz porque alguém os ilumina com a sua e nossa curiosidade. Parabéns - pelo trabalho e pelo carinho posto nele.
Daniel de Sousa

Sun Iou Miou disse...

Tenho uma máquina acho que idêntica a essa que aparece na imagem e muito bem conservada. Uma beleza! Na minha diz "The Castle. G. Soldati. Propietª. Madrid. Cádiz 7."

Valentim Coelho disse...

Desconhecia este museu em Vila Flor.
Quando lá voltar tenho de o visitar.
abraço