06 julho 2009

Pescador de estrelas

Já há algum tempo que a poesia tem estado ausente do Blogue. Os tempos têm estado amargos e muitas das forças são canalizadas para manter a funções básicas em actividade e a mente serena, face a tanta desgraça que se espalha pelo país. Mas a poesia é necessária, e está de volta.
A velha rede de pescar estrelas
Dependurei num gancho de saudade,
Por detrás do portal da minha idade,
Julgando poder eu passar sem elas!

Subo às Capelinhas - alvas celas
Apresando, em azul, a imensidade!
E olho a noite, o alto, a claridade
Das distantes e místicas estrelas...

De novo desejo de as prender
Nos fios dos meus dedos, de as reter
Para além da manhã, ermas e frias...

Mas já não está comigo a antiga rede.
Tudo se esvai, só fica a minha sede
E minhas mãos inertes e vazias...

Soneto de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.

A fotografia foi tirada no alto do Facho.
Outros poemas de João de Sá: Flor-poema, Maravilhamento, Absoluto visível, Serra, A pergunta, Consagração, Jogos de infância, O nosso pão, Senhora da Lapa.

2 comentários:

Transmontana disse...

Mais um belo poema do vilaflorense João de Sá!!!
A poesia faz falta para o equilíbrio, nestes tempos conturbados por tantas desgaças...
Cumprimentos
Anita

Alexandrina Areias disse...

Um belo poema... acompanhado de uma excelente fotografia..! Gostei!
Cumprimentos,

AA