Hora de sombra e fim. A luz vermelha
Do sol exausto, é cinza na ramagem;
Os pulsos latejando, a fria aragem
É gelha, funda em perfil de velha.
No fluir dum riacho cor de telha,
Da tarde aérea, a subtil imagem
Derrama o pranto ardente da viagem
Que, por momentos, o seu vulto espelha.
Do Facho vem um anúncio de inquietude.
E o corpo harmonioso da virtude
Transmuta-se em arbusto de saudade...
E a hora, a treva, o vento, a água triste
É tudo o que, no mundo, sofre e existe
Sem ódio, sem revolta e sem vaidade!
Soneto de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.
2 comentários:
Olá
...a esta hora da manhã, quando se está a iniciar mais um dia de trabalho, que mais querer???!!!!!
Obrigada e parabéns.
Abraço
Esmeralda
Olá, Aníbal!
Escolheu mais um belo soneto para nos presentear!
Gostei muito, e da foto também!
Parabéns pela escolha!
Cumprimentos
Anita
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