Outro dos livros que me acompanhou este Verão foi "Ir à Terra", de Modesto Navarro. Trata-se de um livro de poesia, com 105 páginas, que se lê rapidamente. É necessário voltar ao início e reler tudo com calma. Este escritor tem uma forma própria de escrever. Fala da pobreza, do trabalho, das mulheres que se vendem para viver, sem rodeios, com uma linguagem que pode chocar. Os poemas retratam essencialmente situações do dia a dia, algumas em Vila Flor, outras noutros locais.
O livro foi editado pelo autor em 1972 e distribuído pela Dina Livro, Lda.
Transcrevo um dos poemas que mais me agradou, chamado Ida e Volta.
Quem abandona o deserto
por certo
que não é desertor
Quem abandona o deserto
e sente
esta dor
Este campo abandonado
este destino incerto
e o patrão cercado
Quem abandona este deserto
parte certo
para o incerto
Quem abandona este deserto
Quem abandona este deserto
Quem abandona este deserto
Volta ao deserto
gosta do deserto
ama o deserto
Quer ter o deserto transformado
em troca do destino
incerto
As fotografias foram tiradas em Freixiel, uma no vale do Pelão e a outra perto da forca, em Setembro de 2009.
1 comentário:
Não conhecia a parte poética do escritor Modesto Navarro. Gostei!
Continue a mostrar aquilo que o sensibiliza, que nós agradecemos.
Um bom dia!
Anita
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