03 março 2012
Coração na Fala
Qualquer relevo ao sol é um altar.
Toda a curva de serra é um regaço.
O que nos vê tem júbilo de abraço.
Tempos e modos de alma, o verbo amar!
Ressuma ausência o acto de chegar.
Somos o centro e queremos mais espaço:
Acaso um outro mês antes de Março,
A fim de a Primavera antecipar.
Meu zénite de anjos verdadeiros,
Minha Vila Flor, alvores primeiros
De uma alba quase comungada!
Quero dizer-te mais, e fico mudo.
Não te descrevo, sinto-te - e é tudo.
Não te amo, adoro-te - mais nada!
Soneto de João de Sá, do livro Vila à Flor dos Montes, 2008.
Fotografia: Atrás da Serra.
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