Qualquer dia, contudo, estarei entre vós. Talvez recupere a singeleza do presépio e os rostos peregrinos que perdi. Espantai a coruja que insiste num ofício de trevas sobre o galho de um castanheiro. Abomino a noite e estou sedento de madrugadas. Anseio por assistir à indefinição das primeiras cores - laranja, ocre e pérola entre névoas de um cinza ténue. Depois esmeraldas, ametistas, rubis e ouro a dilatarem a linha do horizonte. Pouco depois uma labareda intensa, ofuscante, elevando o dia aos confins do espaço, até tudo se tomar cântico de luz, sem se distinguir a orquestra donde promanam os divinos sons.
João de Sá - Excerto do um texto publicado no jornal Terra Quente de 01 de Outubro de 2011, sob o título Memórias de Vila Flor - Ah porque não estou eu com os meus pastores?
Fotografia: Albufeira do Peneireiro, Vila Flor.
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