13 junho 2012

e de repente é noite (VI)


Fixa a mão o que Junho não foi.
Ou o que foi por ter sido noutro tempo
um mês irrepetível, um eco
de imaculadas lonjuras sequestradas.
Dizê-lo, agora, é conceder às cerdeiras
um vigor que me ascende o entendimento
a um indistinto som de musgo e água.
Uma luz muito alta e forte, cegando.
Sem uma sombra. Nem a de uma casa.
A minha. Dolorosamente. Por de mais vazia.

Poemas de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Sobreiro, em Vilas Boas. 

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