10 junho 2012

e de repente é noite (XXXVI)


Que o gume das colinas
não rasgue o tegumento do tempo,
semente grávida de mistério.
Ignoremos as cartas
que nos anoitecem as mãos.
Os enigmas só ecoam nos vergéis
onde a luz não chega.
Tenho um corpo para a tua alma,
sob a memória fresca do feno
acabado de segar, tão verdadeiro
como este sol a escavar
silêncios fulvos
nas encostas da tarde.

Poemas de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: alto do Faro, em Vilarinho das Azenhas.

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