12 junho 2012

e de repente é noite (VIII)

Não tem nome a barca.
Também o rio é só confusa lembrança.
Há um iodo endurecido, nas margens,
e um vento de cinza dissolvendo as folhas
até uma espessura de hóstia.
Ninguém conhece a extensão da ilha
pois os corvos, espantados,
sempre a ocultam
sob o negro do seu voo.
Só sabemos que vamos a caminho.
E uma vez lá, conheceremos tudo?

Poemas de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Quinta da Peça, a caminho da Ribeirinha

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