No dia 8 de julho a caminhada foi ao marco geodésico da
Cheira, ali para os lados do
Gavião. Esta é uma parte do concelho que muitos desconhecem. tirando os habitantes do
Seixo,
Nabo e
Arco, só se aventuram por estas paragens os caçadores e algum curioso que queira descobrir a aldeia abandonada do
Gavião (que esteve para ser cenário de telenovela, mas acabou por não ser). É pena, porque é um dos pontos do concelho com mais tranquilidade, com uma paisagem magnífica e das melhores que temos para a produção de vinho (e azeite).
Fui sozinho, e já parti tarde, a escolha do local também se prendeu com estes dois fatores. O relevo para ir ao Gavião e voltar, não é muito acidentado e pode ser feito por caminhos e estradas, sem dificuldades de orientação e mais rápido. Claro que isto é na teoria.
O percurso de
Vila Flor à barragem do
Peneireiro foi feito pelo caminho habitual, partindo da
Quinta da Pereira. É pena que aqui tenham destruído o caminho e nem sequer tenham deixado uma pequena berma para peões. Devem pensar que já ninguém anda a pé!
Os caminhos têm muito pó, e não são agradáveis. Aliado ao calor, fazem com que esta seja a pior altura para se fazerem passeios pedestres no concelho.
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Quinta de São Domingos, às portas de Vila Flor |
O sumagre está em flor! Não é nada de extraordinário, mas nunca tinha reparado nesta flor. Aqui e além ainda há mais algumas plantas resistentes que teimam em emprestar algumas pinceladas de cor. As searas estão maduras e anuncia-se um bom ano na produção de vinho.
Na piscina municipal já havia muitas pessoas em banhos, principalmente de sol, porque no fresco da manhã muitos têm medo da água.
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Campo de trigo, junto ao IC5 |
Contornei a albufeira. Desde que comecei esta aventura
À Descoberta (desde 2006), nunca vi tão pouca água! A falta de água é muito preocupante. Para a grande parte das pessoas a questão é indiferente, desde que haja água na torneira... mas as questões ambientais mexem comigo, mais do que as políticas, que apenas me provocam azia.
Até
Seixo de Manhoses segui pela estrada. É curioso verificar que nesta aldeia se continua a construir, bonitas vivendas, por sinal, amostra de que algumas terras poderão ainda ter futuro.
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Albufeira do Peneireiro. Quase vazia mas ainda com alguma utilidade. |
Junto à capela da
Mãe do Criador começa o caminho que dá acesso à antiga aldeia do
Gavião (está bem sinalizada).
Depois de se percorrerem exatamente 500 metros do caminho é necessário abandoná-lo, e seguir por outro à direita. Andando não mais de 30 metros é necessário seguir à direita pela borda do terreno. Desde o caminho do
Gavião até ao
Marco Geodésico são 260 metros. O marco não é muito (nada) visível, mas basta procurar o local mais elevado, não há outro em volta. A sul do marco há alguns pinheiros altos e um armazém rural, que foi reconstruido recentemente e que chama à atenção. Pode ajudar na orientação, caso não se descubra o marco. Há também nas imediações em medronheiro, de maior porte do que o normal, muito bonito.
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Localização do Marco Geodésico partindo de Seixo de Manhoses |
Este vértice geodésico, de nome
Cheira, está a 628 metros de altitude. É possível percorrer com o olhar 360º de uma bonita paisagem. Destaca-se a vista em direção a
Valtorinho,
Arco e
Vila Flor, e depois a visão em direção à
Vilariça, avistando-se o espaço entre
Sampaio e
Trindade. Desviando-nos um pouco do marco podemos ver o
Nabo e uma maior extensão do vale da
Vilariça.
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Vista do vale da Vilariça e barragem Nabo/Ribeiro Grande |
O marco geodésico está quase completamente tapado por carvalhos! Recorri a algumas fotografias de 2007 onde o fotografei no inverno, quando os carvalhos estavam sem folhas. Foi bom rever as fotografias dessa altura! Há em volta muitas amendoeiras, que, quando estão em flor, tornam estas paisagens ainda mais bonitas.
Depois de visto talefe e a paisagem, é preferível regressar ao caminho pelo mesmo percurso.
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A minha primeira ida ao local, em 2007 |
Seria um desperdício de esforço não visitar o
Gavião e eu fi-lo. Primeiro porque não é todos os dias que encontramos uma aldeia "fantasma", despertando um sem fim de ideias de como seria a vida num local assim, depois, porque o
Gavião também é um excelente miradouro. Dá para passear o olhar desde o
Cardal, acompanhando a bacia da ribeira de
Godeiros e a do
Nabo, que passado o
Arco, se vão juntar com outras na barragem do
Nabo/Ribeiro Grande. Os montes que se avistam têm nomes curiosos:
Cabeça do Cavalo,
Fraga da Joana e na encosta oposta, do lado de lá do
Ribeiro Grande a aldeia de
Vide, com o seu perfil, altaneiro eternamente mirando os vales.
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Há muito mato à volta do marco geodésico |
Um passeio por entre as ruínas das casas pode ser interessante, não o fiz porque começava a faltar-me o tempo par voltar a casa.
Do centro do
Gavião cruzam-se 4 caminhos, o que segue para norte vai dar ao
Arco. É um caminho muito agradável, com umas vistas fantásticas já percorrido por mim por diversas vezes. Não encontrei os medronheiros que normalmente por aqui abundam, mas há várias amoreiras com frutos maduros.
A entrada no Arco poderia ser um lugar paradisíaco, com o sussurrar da água no ribeiro, rodeado de hortas com as mais variadas hortaliças, decoradas com cérceas e gladíolos, se não fosse o cheiro nauseabundo que se sente já à distância. É dos esgotos, que frequentemente transbordam para o ribeiro.
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Vista parcial da aldeia abandonada de Gavião |
A aldeia estava meia adormecida, talvez por já ser hora de almoço. Segui sempre a mesma rua desde o fundo do povo até ao cemitério, o seu ponto mais elevado. É um povoado com as ruas muito cuidadas, e cheias de tufos de flores (e garrafas plásticas com água, para os cães não mijarem nos bonitos recantos).
Já passava da uma da tarde e o calor era intenso. Ainda tinha agendada uma passagem pela
Fonte do Olmo, mas segui pela estrada em direção à vila.
Mais do que os 14 km percorridos, ou mesmo as fotografias tiradas, o mais saboroso foi mesmo a tranquilidade que se vive pela área percorrida. Com poucas vias de comunicação e com o chegar do verão, o movimento nos campos é mínimo. Parece que até os pássaros respeitam o silêncio dos lugares!
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Amoreira com amoras. Seriam para a cultura do bicho da seda no Gavião? |
Este foi o retomar da série
Pontos Altos, que esteve parada durante algum tempo, mas que espero continuar logo que o calor de verão comece a descer a montanha. Espero que até lá não ardam os pequenos mantos de verde que ainda temos.
4 comentários:
Obrigada! Adorei a descrição do percurso com todos os detalhes. Senti saudades dos tempos em que eu fazia esse percuro. Partia do cruzeiro da Mãe do Criador pela estrada que leva ao Gavião e regressava por esse caminho que vai em direção ao Arco. Era fantástico.
boa noite.
Aqui, à distância, tenho viajado muito consigo. São sempre passeios fascinantes, pela riqueza da descrição, e pela beleza da zona, que visito sempre que posso.
Recentemente fui ver a IC 5, e fiquei-me por Vila Flor, depois de ter ido a Carlão, e às suas termas.
Terminei em Vilas Boas, no santuário.
Agora voltei a passear por aí, e fui à procura de Gavião. Não fora o seu mapa, e nunca mais a encontrava (41º 15' 55 - 7º 9' 54)! O Google não a identifica, embora deixe planear para Nabo. As casas em derrocada ainda são visíveis.
Até um dia destes!
Também conheço o Gavião. É uma aldeia abandonada mas um local de onde se avista uma paisagem lindíssima.Em fins de tarde gosto muito de ir até lá e olhar tudo que dali se avista. Bem haja por trazer estas coisas à nossa memória.
ALGUÉM VIZINHO DESSAS PARAGENS
o gavião nao era uma aldeia judia?
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