
29 novembro 2007
Hoje, na Serra do Facho II

Hoje, na Serra do Facho

Hoje à tarde, se tiver tempo livre, dê um passeio pelo alto da Serra do Facho. Esta é a paisagem que poderá admirar.
Também do Cabeço da Senhora da Assunção, em Vilas Boas, se deve ter uma visão fantástica.
26 novembro 2007
Perdido, em Candoso

Saí sem destino, pelo trilho que liga Vila Flor ao santuário de S. Cecília. O sol estava quente mas o ar frio! Bastava olhar em direcção a Bragança para descobrir porquê. Lá longe no

Uma paragem aqui, outra paragem ali, fui aproveitando a folhagem outonal que os castanheiros e os carvalhos proporcionam. Toda a zona de Carvalho de Egas, Valtorno, Mourão, Alagoa e Candoso estão nestes dias vestidos de Outono, com cores alaranjadas esperando ser fotografadas.
As “máquinas” estavam a portar-se bem, cheguei rapidamente ao santuário. Procurei um ponto alto. Veio-me à memória a prosa de Cabral Adão: "os seus olhos pousaram naqueles montes ásperos, eriçados de penedias graníticas, carcomidas de líquenes seculares, donde brotam carrasqueiras secas, zimbreiros, troviscos, giestas e mato bravio. Povoações raras, como o Gavião, com duas dezenas de fogos, alguma curriça de gado, diluída no tom cinzento da paisagem; e ao longe, como cortina verde parda, a serra do Reboredo, Moncorvo poisada a meio, tal ninho de peneireiros cheio de ovos brancos”.

Aproveitando o pouco tempo de sol que ainda restava, segui para Carvalho de Egas, e daí para Candoso. A Fraga do Ovo é um símbolo do concelho. Rodeei-a à procura de um ângulo fotogénico menos gasto. Tenho fotografado inúmeras rochas deste género por quase toda a área granítica do concelho! Obras da natureza, no mínimo, bizarras.

O tempo escoava-se, tinha que voltar para casa. Num ímpeto, desci à aldeia, que atravessei sem parar, continuando em direcção a Norte, à procura de um caminho desconhecido. Quando me encontrava a pouco mais de um quilómetro da aldeia, de novo num ponto elevado, a vegetação cobriu-se integralmente em tons de vermelho e ouro.

Enfeitiçado, parei e olhei para trás. Uma bola de fogo cobria o cume do Pelão, espalhando fumo e lava por toda a imensidão do céu e da terra. Todas as coisas mudaram de cor! Só se via negro, amarelo, dourado, vermelho, tudo isto contra um céu que teimava em se manter de azul. Das casas de Candoso saíam finas espirais de fumo que se espalhavam pelos telhados e invadiam as ruas. Em choque com tanta beleza, qual estátua de sal, fui registando cada segundo do precioso instante. No pequeno ecrã da câmara digital todo o horizonte resultava num cone vulcânico despejando fumo e fogo, pelo céu e pelo chão, criando um cenário irreal, assustador, belo e silencioso.
Despertei atordoado, como que de um sonho, pelo ar ainda mais fresco da noite que me ameaçava. Tinha que sair daí imediatamente. Entre voltar para trás, de novo para Candoso e continuar pelo caminho desconhecido que seguía, decidi pelo mais arriscado, continuar em frente.

Estava no local das Olgas, onde há algumas cortes para as cabras. Respirei fundo, dali já me orientava bem. Segui por um trilho que me levou à estrada de Freixiel, perto da Redonda. O ar estava fresco, sentia-me bem fisicamente e estava no caminho certo. Encontrei a cadência adequada e deixei-me levar, estrada fora, revivendo a aventura, recordando as cores, “rabiscando” esta história. Só o meu corpo ia sobre a bicicleta, o meu espírito voava, satisfeito.
Quilómetros do percurso em BTT: 26
Total de quilómetros em bicicleta: 1660
25 novembro 2007
Em busca de novos horizontes

Brevemente escreverei o resto da "história".
22 novembro 2007
No Santuário de Nossa Senhora da Lapa

Hoje tive tempo para dar uma "escapadinha" ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa, em Vila Flor. Este, é um lugar fantástico, onde vou muitas vezes, mesmo que num curto passeio depois do trabalho, antes de voltar para casa. O contacto com a Natureza, tem um efeito tonificante, quando se trata de um lugar sagrado com uma vista magnífica, ainda melhor.
Este Santuário inclui nada mais nada menos do que 7 capelas. A que dá o nome ao santuário, Nossa Senhora da Lapa, construída parcialmente numa gruta escavada no xisto, merece bem a minha atenção e uma fotografia no futuro. Apesar de possivelmente ser a mais antiga, é também a mais distante do conjunto e a mais abandonada.

O arranjo e ajardinamento no conjunto das outras seis capelinhas, criou um espaço muito agradável. É um excelente local para passeio, merenda, apreciação da paisagem e há mesmo um parque infantil para os mais pequenos. Toda a área de jardim, que é bastante, parece ter sido estudada por algum amante das cores outonais. Hoje, com o céu de um azul carregado e quase sem nuvens, apetecia ficar ali sentado, num dos muitos bancos existentes, saboreando os raios de sol, longe da escola, longe do barulho, longe de tudo.
Se tiverem oportunidade, façam um passeio por este Santuário.
19 novembro 2007
A chuva chegou


Este Outono sem chuva permitiu-me descobrir cores que me passaram despercebidas no ano passado. Aqui perto, junto do Centro de Saúde, três árvores pinceladas de folhas vermelhas davam-me os bons-dias, quando saía para o trabalho. Quando voltava, admirava as suas cores, dia a dia mais vivas, cada vez mais vistosas. Faz dois dias que as folhas caíram.
Nos passeios que tenho feito nos arredores da Barragem Camilo Mendonça, apercebi-me de como o nível da água está baixo. Durante o ano passado, que se falou tanto de seca, nunca vi o nível tão baixo.
A "grande obra" que é a barragem Valtorno-Mourão, está completamente vazia. Pelo que dizem as bocas do povo, os esgotos de Valtorno corriam directamente para a albufeira (e de lá não digo para onde).
Por todas as razões e mais algumas, a chuva é bem vinda. Com ela veio o nevoeiro e o frio, temperos mais que suficientes para cozinhar outra atmosfera, tão ao jeito de trás-os-montes.
15 novembro 2007
Bênção

o sol que beija
o rasto de crianças
nuas em busca do que não tiveram.
BenditasBenditas
as montanhas
que fazem cópula com a noite,
e ficam virgens mais belas
que as estrelas quando amanhece...
as cumeadas
que dormem
em braços de névoa mansa
com lençóis de neve.
BenditosBendito
os rios, que lavam
as serras e os vales,
e benditas as árvores,
a toalha do seu banho...
o mar,
fonte de reserva
quando a água da terra se acabar.
BenditasBendita
as florestas
que escondem a liberdade
dos animais...
a Natureza,
espelho de beleza
do Criador!
Bendita
a Dor
quando nela há o prazer de um tormento
maior do que o Amor...
Benditos...
Poema de José Nascimento Fonseca, nascido no Nabo em 22-12-1940.
Publicado no jornal Notícia de Mirandela, a 25-02-1969
A fotografia foi tirada no dia 28 de Outubro de 2007, nas margens do Rio Tua, em Vilarinho das Azenhas.
Sumagre (Rhus Coriaria L.)

Esta planta Sumagre (Rhus Coriaria L.), pertence à família das Anacardiaceae. É usada nas mais diversas áreas da actividade humana! Os romanos já usavam na culinária um pó vermelho e ácido extraído dos seus frutos, um pouco como se usa hoje o sumo de limão, como tempero. A cultura desta planta teve alguma importância na ilha da Madeira, sendo plantada como a vinha ou como as roseiras. As folhas e a casca eram utilizadas no curtimento de couros e peles. A planta era cortada rente ao chão e rebentava posteriormente, podendo ser cortada de novo no ano seguinte. As folhas eram secas ao sol e depois moídas. Também na zona de Vila Nova de Foz Côa foi uma cultura com alguma importância.
O sumagre também era usado no tingimento de lãs nas fábricas da Covilhã, graças aos taninos da suas folhas e caules.
Para além de todas estas utilizações é de salientar ainda o seu poder medicinal (alivia a febre e é diurética) .
A existência de algumas extensões consideráveis da planta, aqui bem próximo da vila, pode indicar que ela possa mesmo ter sido cultivada para as suas variadas utilizações. Actualmente é quase unicamente utilizada como arbusto decorativo.
13 novembro 2007
Vestida de Outono II



De volta ao caminho atraiu-me um arbusto que cresce ao longo dos caminhos. O vermelho da suas folhas rivaliza com o das cerejeiras e é só comparável ao do Acer, pouco frequente em Vila Flor. Conforme a exposição ao sol, as folhas surgem pintadas do verde ao vermelho carregado, passando por muitos tons laranja e dourados. De longe o vermelho domina. Parece que alguém andou a espalhar estas pinceladas de vermelho na paisagem só para me desafiar.

Embrenhei-me por caminhos que desconhecia, em direcção à Quinta de S. Domingos. A cada passo, o Outono bafejava-me com brisas de encanto: as folhas de castanheiro de amarelo vivo; os frutos vermelhos de um medronheiro que cresce num muro;

No dia 10 fiz o mesmo percurso, mas acompanhado do meu filho mais velho. Levei a melhor objectiva, um zoom de 80-200 mm. Não é muito prático (nem seguro) andar com este equipamento na bicicleta, mas queria tentar outros efeitos. Percorremos os mesmos caminhos, desta vez com o sol em posição contrária, já ao meio da tarde. O meu acompanhante não se entusiasmou muito com os tons de vermelho, mas lá foi tentando alguns disparos. Não se saiu nada mal!

A noite chega cedo e às 17 horas já o sol havia desaparecido. Só o fumo de alguns aviões a jacto brilhava no céu, reflectindo-se nas calmas águas da barragem. Com o ar fresco da quase noite a bater-nos na cara, pedalámos com toda a energia até casa.

Total de quilómetros em bicicleta: 1621
Quilómetros do percurso do dia 10, em BTT: 13
Total de quilómetros em bicicleta: 1634
09 novembro 2007
Vestida de Outono

A Vila,"A Menina das Cravelinas e Bem-Me-Queres" vestiu-se de Outono. Ontem pela manhã, num breve passeio, fiquei fascinado com as tonalidades quentes e vivas que encontrei! Entusiasmei-me de tal forma, que só parei quando a máquina fotográfica me indicou que precisava de uma nova bateria.
Para já, deixo apenas uma fotografia. Cheia de cor, vibrante, com a "menina" com a borda da saia debruada de vermelho, deitada ao sol, apanhando os raios quente nas pernas semi-descobertas.
07 novembro 2007
Cogumelos - Rocos (Macrolepiota procera)

Esta espécie pode atingir grandes dimensões, mais de 30 cm de diâmetro. O meu amigo Atento que me desculpe, mas não resisto a colocar aqui, uma ligação a uma fotografia de um Roco, apanhado no ano passado, na freguesia de Parambos (Carrazeda de Ansiães).
São facilmente encontrados nas giestas, estevas, nas bordas dos pinhais, nos lameiros, nos soutos, ou mesmo na berma dos caminhos e estradas.
Embora possam ser cozinhados de várias formas, uma das mais usuais é mesmo grelhados nas brasas depois de temperados com umas gotas de azeite e algumas areias de sal.
PAra quem quiser saber mais sobre este assunto, pode encontrar neste site, uma extensa lista dos cogumelos comestíveis, em Portugal (lista em PDF).
06 novembro 2007
Museu - Aparelhos de arrancar dentes
"Mestre-barbas foi a uma gaveta, tirou de lá uma espécie de saca-rolhas, destes de braços de pau, com um arganel na ponta, lavou-o com uma amostra de água do jarro e meteu-o na boca do homenzinho, tentando presa no dente cariado.Depois de ter lido esta preciosa narração do livro Paisagens do Norte, de Cabral Adão, foi com mais entusiasmo que voltei ao Museu Municipal de Vila Flor. A descrição, se não é verdadeira, está muito próxima da realidade. Um destes aparelhos, pertenceu a João Alves (conhecido como João Requeiro), filho de Manuel "Requeiro", também barbeiro (e dentista) como o filho. É o pai que é retratado na descrição.Os assistentes formaram roda, a gozar do espectáculo, com mímicas de quem tem dó. O homem, de cabeça bem levantada, encostava-se para trás nos braços retesados. Na frente dele, o barbeiro, escanchado e curvo, tinha ares de magarefe a esquartejar uma rês. A semelhança foi mais evidente daí a nada, porque o homem berrava como um vitelo. E com meia dúzia de sacalões na cabeça dorida, o dente era escarolado entre postas de sangue e caía do saca-rolhas na bacia de loiça - tlac - enquanto o barbeiro se erguia e perfilava, limpando o suor vitorioso:
- Estava custoso, estava custoso!"
João Alves nasceu em 1882 e morreu a 17-03-1955 .
O aparelho foi oferecido ao museu em 28-05-1977, por Laura Fernandes Calijão de Sá Morais, sobrinha de João Alves.
05 novembro 2007
À procura de vestígios arqueológicos no Cabeço
Depois da minha tentativa falhada para encontrar vestígios arqueológicos no Santuário de Nossa Senhora da Assunção, no dia 23 de Abril de 2007, voltei ao local no dia 27 de Outubro. Segui as indicações que me foram dadas e, logo depois da Rotunda dos Evangelistas, cortei à direita seguindo por um caminho que rodeia todo o Santuário. A nascente, estacionei a bicicleta e inicia a minha prospecção no terreno. A ideia era tirar algum partido do facto desta área ter ardido no dia 25 de Agosto de 2007, sendo muito mais fácil progredir no terreno.

A quantidade de rochas soltas é grande. Amontoam-se, formam paredes, socalcos mas não consegui ver nenhuma intenção no seu arranjo. Subi a um pequeno cabeço rochoso, à direita do caminho. Via uma grande área em redor. Optei por descer a encosta, nessa direcção havia maior quantidade de rochas, devia haver por ali vestígios de habitações. O desânimo já começava a tomar conta de mim quando encontrei alguns pedaços de cerâmica. Começo a ter já alguma prática, eram uma espécie de tégulas. Foi o primeiro sinal. Procurei mais afincadamente. A certa altura encontrei muros com cerca de um metro de altura, encostados a um rochedo. Era um bom indício, podiam ser mesmo vestígios de alguma casa medieval. Procurei em volta mas não encontrei mais indícios. Perto encontrei as ruínas de uma grande construção. Nela existem alguns blocos de granito aparelhados, não deve ser uma construção antiga, mas sim alguma corte para animais.
Desanimado comecei a subir a encosta de encontro ao caminho, junto aos parques de estacionamento do santuário. À medida que me aproximava aumentava a quantidade de pedaços de cerâmica espalhados. No caminho descobri a razão: alguém despejou entulho na encosta.
Olhei para o alto. Daquele lugar é onde o santuário parece mais inacessível, suspenso no topo dos rochedos, mais perecendo um daqueles castelos medievais que vemos nos filmes. Segui em direcção aos rochedos, queria escalá-los até à capela. Nos buracos do rochedo há muito lixo. Tudo o que era combustível ardeu, mas ainda há muito vidro, ferros, restos de azulejos, telhas, tijolos, etc. Está bom de ver, quando procederam a obras no topo do santuário, o entulho era atirado para os rochedos, espalhando-se por uma grande extensão. Não foi difícil chegar às traseiras da Casa dos Milagres. Já aqui tinha estado. Busquei vestígios do muralha de protecção do cabeço, que dizem existir nesta zona. Esta referenciada a existência de duas fiadas de pedras de xisto que são os únicos vestígios de uma muralha que protegia a acrópole. Há sim vestígios de paredes mas não sei precisar se são os tais vestígios ou se são de alguma antiga estrutura do santuário.
Junto da capela gozava-se aquele ar tranquilo de fim de tarde que eu tanto aprecio neste local. É uma sensação de comunhão com toda a terra que nos rodeia e com o ar, com o céu talvez. Aqui estamos mais próximos e o silêncio ajuda. Curiosamente não senti frio, mas, de manhã, tenho a certeza que o nevoeiro se estendia do Cachão até Mirandela, criando um daqueles cenários que fazem suster a respiração.
Encontrei o guarda do santuário e sentá-mo-nos um pouco ao sol do fim da tarde. Ele lamentando-se do silêncio, da lentidão das horas, da falta de visitantes; eu, elogiando a paisagem, valorizando o silêncio, perguntando sobre as obras de recuperação da capela, após o incêndio.
Acabámos por falar do castro. O pai do zelador tinha uma terra exactamente onde se situa o castro. Recordava-se de, em jovem, encontrarem potes de barro, que partiam por não lhe encontrarem valor nenhum. Foi nessa zona que encontraram o Berrão em granito, peça importante que pode ser admirada no Museu de Vila Flor. Falou-me de que toda aquela zona era cultivada. Algumas áreas com animais, outras, com a força dos braços, à enxada. Vinham pessoas do Seixo, ganhar a jeira para a Quinta da Veiguinha, cavando.

Com o tempo, muitos agricultores foram doando as terras ao santuário, outras foram compradas pelo mesmo, permitindo o alargamento, quer do Santuário propriamente dito, quer dos extensos parques de estacionamento. Foi este crescimento desenfreado que destruiu quase por completo todos os vestígios do povoado fortificado da Idade do Ferro que terá existido no local, bem como os vestígios de romanização que o mesmo sofreu.
Com o sol a ofuscar a vista em direcção a Vilas Boas, chegou a hora de descer do cabeço até à bicicleta, que ficou lá baixo, no parque de estacionamento.
Desci pelo mesmo local, saltando de rochedo em rochedo, com cuidado. Foi uma sorte ter voltado pelo mesmo caminho. Juntamente com os restos de telhas e azulejos azuis de obras recentes comecei a encontrar pedaços de cerâmica que me levava mais longe, ao passado distante. Aquilo que eu tinha andado a procurar mais abaixo, depois dos parques de estacionamento, estava mesmo ali, entre o parque de estacionamento e os rochedos que suportam a capela. Infelizmente tudo parece revolvido por máquinas, destruindo as estruturas até à raiz.
O entusiasmo voltou, mas já era noite. Encontrei algumas rochas interessantes (uma mó?). Não podia ficar mais tempo, estava a escurecer. Pedalei até casa convencido de que é necessário voltar, talvez nem tudo tenha sido destruído.
Quilómetros do percurso, em BTT: 14
Total de quilómetros em bicicleta: 1611

A quantidade de rochas soltas é grande. Amontoam-se, formam paredes, socalcos mas não consegui ver nenhuma intenção no seu arranjo. Subi a um pequeno cabeço rochoso, à direita do caminho. Via uma grande área em redor. Optei por descer a encosta, nessa direcção havia maior quantidade de rochas, devia haver por ali vestígios de habitações. O desânimo já começava a tomar conta de mim quando encontrei alguns pedaços de cerâmica. Começo a ter já alguma prática, eram uma espécie de tégulas. Foi o primeiro sinal. Procurei mais afincadamente. A certa altura encontrei muros com cerca de um metro de altura, encostados a um rochedo. Era um bom indício, podiam ser mesmo vestígios de alguma casa medieval. Procurei em volta mas não encontrei mais indícios. Perto encontrei as ruínas de uma grande construção. Nela existem alguns blocos de granito aparelhados, não deve ser uma construção antiga, mas sim alguma corte para animais.

Olhei para o alto. Daquele lugar é onde o santuário parece mais inacessível, suspenso no topo dos rochedos, mais perecendo um daqueles castelos medievais que vemos nos filmes. Segui em direcção aos rochedos, queria escalá-los até à capela. Nos buracos do rochedo há muito lixo. Tudo o que era combustível ardeu, mas ainda há muito vidro, ferros, restos de azulejos, telhas, tijolos, etc. Está bom de ver, quando procederam a obras no topo do santuário, o entulho era atirado para os rochedos, espalhando-se por uma grande extensão. Não foi difícil chegar às traseiras da Casa dos Milagres. Já aqui tinha estado. Busquei vestígios do muralha de protecção do cabeço, que dizem existir nesta zona. Esta referenciada a existência de duas fiadas de pedras de xisto que são os únicos vestígios de uma muralha que protegia a acrópole. Há sim vestígios de paredes mas não sei precisar se são os tais vestígios ou se são de alguma antiga estrutura do santuário.

Encontrei o guarda do santuário e sentá-mo-nos um pouco ao sol do fim da tarde. Ele lamentando-se do silêncio, da lentidão das horas, da falta de visitantes; eu, elogiando a paisagem, valorizando o silêncio, perguntando sobre as obras de recuperação da capela, após o incêndio.
Acabámos por falar do castro. O pai do zelador tinha uma terra exactamente onde se situa o castro. Recordava-se de, em jovem, encontrarem potes de barro, que partiam por não lhe encontrarem valor nenhum. Foi nessa zona que encontraram o Berrão em granito, peça importante que pode ser admirada no Museu de Vila Flor. Falou-me de que toda aquela zona era cultivada. Algumas áreas com animais, outras, com a força dos braços, à enxada. Vinham pessoas do Seixo, ganhar a jeira para a Quinta da Veiguinha, cavando.

Com o tempo, muitos agricultores foram doando as terras ao santuário, outras foram compradas pelo mesmo, permitindo o alargamento, quer do Santuário propriamente dito, quer dos extensos parques de estacionamento. Foi este crescimento desenfreado que destruiu quase por completo todos os vestígios do povoado fortificado da Idade do Ferro que terá existido no local, bem como os vestígios de romanização que o mesmo sofreu.
Com o sol a ofuscar a vista em direcção a Vilas Boas, chegou a hora de descer do cabeço até à bicicleta, que ficou lá baixo, no parque de estacionamento.

O entusiasmo voltou, mas já era noite. Encontrei algumas rochas interessantes (uma mó?). Não podia ficar mais tempo, estava a escurecer. Pedalei até casa convencido de que é necessário voltar, talvez nem tudo tenha sido destruído.
Quilómetros do percurso, em BTT: 14
Total de quilómetros em bicicleta: 1611
04 novembro 2007
Freguesia Mistério 9

Candoso (3) 12%
Carvalho de Egas (0) 0%
Freixiel (1) 4%
Lodões (1) 4%
Nabo (10) 40%
Roios (1) 4%
Seixos de Manhoses (1) 4%
Trindade (1) 4%
Valtorno (1) 4%
Vila Flor (6) 24%
Para que não restem dúvidas de que a Freguesia é mesmo o Nabo, podem ver a mesma varanda, à direita, nesta fotografia.

Em que freguesia poderemos encontrar a casa que tem esta mó na parede?
A votação é na margem direita do Blog. Basta escolher a freguesia e depois clicar no botão Votar.
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