26 março 2008
Não-poema
Hoje vamos esquecer-nos do poema.
Não vai haver rodeios nem segredos.
Palpar será o fim dos nossos dedos
E o ver e ouvir será o lema.
Que o verde destas vagens inda trema
A fim de adoçar frutos azedos.
E nos bosques, o cuco espante os medos;
Resolva a borboleta o seu teorema.
Que brilhe mais a pérola de orvalho
Tremente, prestes a cair do galho
Sobre um cordeiro a retouçar, sereno.
Palavras... para quê? Ante a grandeza
Dos gestos matinais da Natureza
Tudo se esvai e torna-se pequeno.
Poema de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.
A fotografia foi tirada no Arco, no dia 28 de Fevereiro de 2008.
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