29 setembro 2009

Vindima

Brotam, nos dedos frios, mornos bagos
- Âmbar coalhado em frémitos de aurora.
Morrem as mãos aonde nasce a hora...
A brisa queima, simulando afagos...

Remoinho de faúlhas: são esporos
Num vaguear de futuros maios.
Seus corpos requebrados em desmaios,
Sobre violinos de calados choros...

O eterno transforma-se em olhar.
Já nenhum horizonte os pacifica.
A meta é longe e nada significa.
Ser, para eles, é resistir, é estar.

E imola-se na luz do Sol-nascente
A paz azul dum espaço inexistente.

Soneto de João de Sá, do livro "Flores para Vila Flor", 1996.

2 comentários:

Transmontana disse...

Lindo poema ilustrado com uma bela foto!
Parabéns!
Cumprimentos
Anita

Alexandrina Areias disse...

Belíssima foto!!! Acompanhada de um interessante soneto... Gostei!
Boa semana.
Cmc's

AA