16 março 2012

A Casa

A casa é longe, só a angústia é perto.
E não se avista a hora de chegar!
E, de sobra, sabemos que um deserto
É feito de areias e luar.

São as areias o meu peito aberto.
E a lua a distância tutelar,
Onde a casa é um palor incerto
Tornado a própria acção de procurar.

E vamos de jornada. Só partidas
Espargem sal e fogo em nossas feridas
A florirem rosas, onde a onde...

O trem sempre em adeus. E, da janela,
A casa, longe, cada vez mais bela
Quando ao aceno já ninguém responde!

 Soneto de João de Sá, do livro "Vila à Flor dos Montes", 2008.
Fotografia: Praça da República, Vila Flor.

1 comentário:

Transmontana disse...

Lindo soneto do POETA que já partiu, mas que deixou uma obra que perdurará através dos tempos!!!
A foto está linda, como todas as da sua autoria!
Parabéns!