08 abril 2012

Súplica


Manda-me um grão, um só, da terra querida
Tatuada de voos de narcejas.
Meneios de pinheiros e carquejas.
Algo que tenha ritmos de vida.

Não esqueças o bálsamo da ferida
Que ainda me lacera. E as cerejas,
Em folhas de videira, em que tu estejas
Mesmo em cor e aroma resumida...

E um copo de resina e os dedos
- Os mais hábeis no jogo das sementes -
Afeitos à tormenta, à dor, aos medos.

Manda-me o que puderes e me desperte
Para um novo incêndio de poentes
Que com a minha terra me concerte!

Soneto de João de Sá, do livro Vila À Flor dos Montes (2008).
Fotografia: Pinhal, Traz da Serra.

2 comentários:

Tranamontana disse...

Lindo soneto para um dia de Páscoa!
Obrigada pela partilha!
Um dia muito feliz para toda a família!

Anónimo disse...

Muito obrigada pelas lindas fotos. Para nos imigrantes é importante relembrar todas estas lindissimas aldeias de portugal.
Boas viagens!!!