01 setembro 2007

Ciclista fotógrafo ou fotógrafo ciclista?


Durante um ano que pedalei pelas estradas e caminhos de Vila Flor, dividi-me entre a bicicleta e a máquina fotográfica, entre os quilómetros e os locais, entre as aldeias e o espaço natural que as divide.
Como é habitual catalogarmos tudo, eu mesmo penso às vezes em mim. Sou um fotografo que anda de bicicleta, um ciclista que tira fotografias?
Deitei um olho na minha bagagem: mochila, telemóvel, tripé de 21 centímetros, máquina fotográfica Nikon Coolpix 4300, adaptador UR-E4 para a Coolpix, duas baterias EN-EL1 suplentes para a Coolpix, um doplicador TC-E2 2x Telephoto Converter Lens, um cabo de aço para travões, 2 ferros de desmonte de pneus, uma chave para afinar os travões etc., uma navalha, uma bomba de ar, uma chave inglesa, uma câmara de ar, um bloco de notas, uma caneta e um colete sinalizador. A este equipamento somo às vezes outra câmara fotográfica para as emergências (HP Photosmart E327), pilhas tipo AA recarregáveis, um filtro polarizador (usados nas câmaras reflex mas que seguro manualmente à frente da objectiva), um fato de treino ou uma capa de água. Na mochila levo algum dinheiro e a minha identificação e números de telefone (podem ser necessários se ocorrer algum acidente). Também costumo levar uma ou duas garrafas de água e alguma coisa para comer, quase sempre bolos secos.
Vestido levo normalmente uma t-shirt (com um casaco no Inverno), uns calções de ciclismo (dão muito jeito as almofadas, por vezes levo umas calças de fato de treino por fora), umas botas de caça, um capacete, umas luvas sem dedos (óptimas para fotografar) e um computador de bicicleta. Este equipamento híbrido é o mais adequado para os percursos que faço. Imprescindíveis são as botas confortáveis, mas suficientemente fortes para escalar as rochas, andar nos montes e caminhar a pé durante bastante tempo e os calções de ciclismo que atenuam bastante a fadiga mas não protegem as pernas contra os arranhões de giestas e silvas. O colete sinalizador que usei bastante no Inverno, quando regressava a casa de noite, levo-o apenas para uma emergência porque os condutores de automóveis não paravam de me ligar os máximos! Comprei fita florescente que apliquei em vários pontos da bicicleta.
A bicicleta que uso, é uma vulgar bicicleta de montanha, muito pesada mas resistente para aguentar com os meus 80 (e mais alguns) quilos.
O gosto de andar de bicicleta tem vindo a aumentar mas, não gosto propriamente da bicicleta, gosto de fazer percursos em bicicleta. Acho que o que me atrai é o percurso.

Ao longo deste ano conheci alguns elementos do Clube de Ciclismo de Vila Flor. Senti-me bem com/no grupo e fiz-me sócio do clube. Não tenho feito muitos percursos com eles porque não quero sujeitá-los ao meu ritmo lento, com paragens constantes (e às vezes com regressos atrás), à procura do ângulo fotográfico certo.
Um passeio de bicicleta sem a máquina fotográfica é um passeio perdido! É essa a minha sensação.
Quando chego a casa, fico o dobro, o triplo ou o quádruplo de horas a organizar as fotografias, a fazer panorâmicas e a escrever os textos, do que aquelas que levei para fazer o percurso.
Analisando tudo isto, é fácil concluir que a vertente fotografia é mais forte. A BTT só a descobri há coisa de dois ou três anos, mas a paixão pela fotografia acompanha-me desde os primeiros tempos de juventude. O elo de ligação entre a bicicleta e a fotografia está no gosto pela aventura e na paixão pela natureza. Assim, ordeno as coisas da seguinte maneira: fotografia, paixão, aventura e bicicleta.

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