28 janeiro 2009

Rebusqueiros

De manguito pendente do pescoço,
A' frígida manhã fazendo esgares,
Lá vai um moço, e outro, e outro moço
Caminho do olival de Castelares.

Ficam de lado, comentando aos pares,
O trabalho do rancho após o almoço,
Mulher's a arrebanhar, com mil vagares,
Toda azeitona, mesmo no caroço!...

Levanta o rancho para outro lugar,
Chegam-se os rebusqueiros a apanhar,
Esquecido pra trás, algum baguito...

E à noite, ao regressar ao casinhoto,
Cada um é suspeito de maroto
... E nem meado traz o seu manguito!

Soneto retirado do livro “Versos – Vila Flor”, impresso em Novembro de 1966, da autoria do Dr. Luís Manuel Cabral Adão.
Ouros poemas de Cabral Adão: Árvore em flor, Trovoada, Carícia real e Modelação

A fotografia foi tirada próximo de Meireles em Novembro de 2008.

4 comentários:

Anónimo disse...

O poema é lindo e retrata uma época já passada, na nossa região...
A realidade, hoje, é muito diferente, felizmente...
Cumprimentos
Anita

PEREYRA disse...

Contigo estamos sempre a aprender! Conhecia a expressão "andar ao rebusco" mas o transmontanismo dado à postagem, "rebusqueiros", deliciou-me.

Anónimo disse...

ah pois... sou transmontana de meireles, e ja me tinha esquecido da expresão... agora lembrei me da minha infancia... e andava ao rebusco... :DD

Anónimo disse...

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