07 junho 2007

Na rota das giesta em flor - Alagoa


No dia 4 de Junho voltei a Valtorno. Desta vez decidi ir pela estrada para evitar gastar todo o tempo distraído a olhar a natureza nos caminhos pelo Concieiro. O percurso que pretendia seguir exigia algum tempo, e, como agora o Sol já queima a pele optei por sair mais tarde de casa. Quando cheguei a Valtorno informei-me da localização do Cabeço Murado e da Capela de Santo Apolinário. Por azar eram em direcções opostas! Reorganizei ali mesmo, em instantes o meu percurso. Iria subir passando pela capela de Santo Apolinário até Alagoa. Depois desceria ao Pendão, Marco Geodésico que se eleva a 737 metros entre Mourão e Valtorno; tentaria passar ainda pela Cabeço Murado e regressaria a Vila Flor.
Pouco me demorei em Valtorno. Subi pela Rua dos Olmos, passei à Rua da Barreira, meti conversa e tive sorte. As pessoas conheciam com exactidão as informações que necessitava. Subi até ao Cruzeito, mesmo no cimo da aldeia e continuei para poente à procura da capela de Santo Apolinário. Quando já estava a perder a esperança ela apareceu à minha frente. Toda a zona circundante está ainda completamente alagada e cheia de giestas ardidas. Não é um cenário muito fotogénico mas ensaiei algumas fotografias. Parti animado em direcção a Alagoa à procura das últimas giestas floridas. À medida que subia fui deixando para trás a área ardida e o cenário foi-se pintando de verde e amarelo.
Tal como previa, as giestas ainda apresentam um grande vigor de floração, vergando-se algumas com o peso das suas maias douradas. Os animais também gostam deste cenário porque pinhais e giestais apresentavam-se cheios de vida com o chilrear de pássaros e outras aves.
Quase sem dar conta, atingi a estrada que segue de Alagoa ao Mogo. Já aqui estive algumas vezes sempre procurei a mesma coisa, os marcos que desde tempos antigos dividiam os concelhos, antigos e actuais porque Alagoa sempre esteve na “fronteira” e assim continua, dividida entre um concelho ao qual pertence, Vila Flor, e um concelho com o qual vive e tem muitas afinidades, Carrazeda de Ansiães.
Ali junto à estrada há umas alminhas. Mais parece uma cabeceira funerária e talvez seja, ou então a indicação de que ali tenha morrido alguém. A cruz gravada por cima das alminhas tem muitas semelhanças com as usadas da delimitação dos territórios. Continuei em direcção ao cruzamento para a Penafria mas quando aí cheguei decidi virar para trás. Não iria conseguir nada sem a ajuda de alguém que conhecesse o local. Subi ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Ia subindo e pensando como é pena que deste local, que é o ponto mais elevado do concelho (850 metros de altitude), não se aviste uma bonita paisagem. Desta vez fui compensado. A bonita paisagem estava mesmo à minha frente entre os pinheiros. À sombra dos pinheiros cresceram frondosas giestas que se encontram carregadas de douradas flores em cachos fartos. Verdes fetos completam um cenário de jardim que cresce alheio à confusão de mundo. Quando cheguei junto à Capela do Espírito Santo encontrei alguns habitantes. Foram simpáticos e indicaram-me a localização de um dos tais marcos que tanto desejava encontrar.
Voltei para trás. Dirigi-me a um local conhecido pelo Fasquieiro e, sem dificuldade, descobri o que procurava. Fiquei animado. Mede mais de um metro de altura e tem gravado num dos lados, voltado a Poente, uma bonita cruz.
Voltei à aldeia e segui em direcção ao cemitério e depois segui em direcção a Mourão. Pouco depois de deixar o “Cruzeiro da Sentinela” para trás, abandonei a estrada que me levaria ao Morão e desci por um caminho até ao Marco Geodésico. Este encontra-se espetado no alto de um morro de rocha rija sendo necessário escalá-la. Estes pontos altos sempre me fascinaram, mas este é realmente bonito. O Marco, mais alto que a linha do horizonte, é muito fotogénico, bem com toda a paisagem circundante. Sentei-me nas rochas comendo um económico que levava e duas doces laranjas que me tinham dado em Alagoa. O Silencio em redor começava a fazer-se sentir mas os gemidos das rolas sobressaíam dando mais colorido ao horizonte onde o Sol já preparava a sua cama. Desci o morro precipitadamente em direcção à estrada Valtorno- Mourão, já me restava muito pouco tempo para procurar o tal Cabeço Murado. Atravessei o ribeiro junto a Valtorno e subi ao monte que me tinham indicado. Do sol só já se viam alguns raios dourados filtrados pelas agulhas dos pinheiros. Fiz uma busca rápida mas nada encontrei. Não podia perder mais tempo. Pedalei com força até Carvalho de Egas onde me refresquei com água da fonte. O Passeio estava terminado, havia que voltar a casa o mais rapidamente possível.
Visitei a Capela do Santo Apolinário, um marco em Alagoa, subi ao topo do Pendão, fotografei lindos mantos de giestas floridas que decorarão passadeiras no Corpo de Deus no dia 7 de Junho. Que mais podia querer? Só descanso.

Quilómetros percorridos neste percurso: 35
Total de quilómetros de bicicleta: 1180
Total de fotografias: 24 820

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